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Quando o ciclismo é mais importante que "coser meias"

Quinta-feira, 25.02.10

Entre os 11 comissários de corrida da 36.ª Volta ao Algarve houve três mulheres cuja paixão pelo ciclismo fez gastar dias de férias e fora de casa para zelarem pelos regulamentos, ignorando “ordens” para irem “coser meias”.

A lacobrigense Paula Martins, de 42 anos e há 20 em funções, tem o mais alto estatuto - comissária internacional - e foi praticante das duas rodas, tal como Neusa Santos, com 35 anos e 16 de experiência, embora a nível nacional. Marta Oliveira, assistente social de 26 anos, é a mais recente perita do trio, por “influência de amigos e amigos de amigos”, a envergar a farda azul com o símbolo colorido da União Ciclista Internacional (UCI), também só em corridas portuguesas. Marta e Neusa partilham a origem: Loulé.

“Aqui no Algarve, já é normal, não há discriminação. Há seis comissárias no activo, mas foi a Paula quem desbravou o caminho. Lá para cima é que ainda estranham um bocado. O mais difícil é lidar com a responsabilidade crescente nas corridas”, disse à Agência Lusa Neusa Santos, secretária de profissão. Paula Martins, igualmente secretária, ainda guarda na memória um Circuito de Caneças em que foram estipuladas cinco voltas em vez das tradicionais seis, que até os cartazes atestavam, quando ainda era comissária regional.

“Foi o fim da picada. Obviamente, nós acabámos com a corrida à quinta volta como estava combinado, mas a população revoltou-se e eu fui um dos alvos mais apetecíveis: vai mas é coser meias, gritavam eles”, conta a mais antiga comissária da UCI portuguesa em conjunto com a colega do curso de 1988, Isabel Fernandes.

Paula Martins lembra ainda as dificuldades dos primeiros tempos, quando subiu de regional a internacional em três anos e os comissários do género masculino a “olhavam de lado” por “tão rápida ascensão”. “A família é que fica prejudicada. Por exemplo, ao meu filho de 14 anos só vi os primeiros passos e a primeira sopa através de fotografias”, lamentou, reconhecendo que também há uma “grande família no ciclismo”.

Para as corridas em que são nomeados, quer a nível nacional, quer a nível internacional, os comissários recebem, respectivamente, 50 e 75 euros de diária e têm de abdicar de dias de férias porque “nenhum patrão dá dispensas para isto”.

Na “Algarvia”, Paula Martins, como “técnica”, acompanha a corrida, num dos carros da organização, atentando a quaisquer irregularidades, enquanto Neusa Santos é auxiliar do juiz de chegada e Marta Oliveira é juíza de partida. 

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publicado por José Cavaca às 09:09






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